A 'Pública', revista de Domingo do 'Público' , é um descanso dentro dos Domingos de descanso. Tem crónicas deliciosas! Já citei uma ou outra...
Hoje o Zé Diogo Quintela descreve o que é ter filhos...Absolutamente delirante e tal e qual assim...
Quem tem filhos são caudilhos
As conversas nos jantares com os meus amigos estão cada vez mais previsíveis. Metade é sobre alimentação saudável, a outra metade é sobre filhos(muitas vezes, sobre a alimentação saudável para filhos).
A meio das entradas, já alguém está a dizer que não tem dormido muito porque o Chiquinho pede para ir para a cama dos pais.
É o que basta. De repente a mesa transforma-se numa praça, onde peixeiras e homens da fruta apregoam histórias de sono infantil e a melhor maneira de educá-lo. "Eu tranco-o no quarto, mesmo a chorar!", diz um. " Dou leitinho morno", diz outra. Há quem não os deixe ver televisão á noite, há quem não suporte vê-los choramingar e permita tudo.
Quem não tem filhos teme esse momento em que os seus amigos deixam de ser as pessoas interessantes que sempre foram para passarem simplesmente a serem pais. Quem não tem filhos acha que os seus amigos vivem em função da prole. Quem não tem filhos é parvo e não sabe o que perde.
Acha que falar sobre filhos não tem o interesse de falar, sobre, por exemplo, política. Para quê falar sobre José Sócrates, se podemos partilhar as experiências de sermos os primeiro-ministros das nossas criancinhas? Controlar a comunicação social que lêm(eu proibia a leitura dos perniciosos livros da Turma da Mônica ), decidir a atribuição dos subsídios, fazer a lei, aplicar a lei, fugir á lei. E ser arrogantes quando os petizes nos encontram alguma contradição nos argumentos. Saber que mesada dar a um pré-adolescente é o mesmo que preparar a reforma da Segurança Social:são negociações morosas e no fim ninguém vai ficar contente.
Não se trata de pais babados versus pais disciplinadores. Trata-se de liberais versus ditadores. Conversas sobre filhos não são pieguice, são ideologia. Uma conversa sobre filhos é uma espécie de cimeira de chefes de Estado, em que cada um apresenta o seu ideário.
Educar um filho é como aplicar um projecto político num povo qualquer, sendo que é um povo que anda imensas vezes ranhoso e vê televisão muito em cima do aparelho. Se a criança deixou de fazer chichi na cama aos dois anos, é porque os pais são bons gestores de distribuição de líquidos á noite. Se é uma criança que não diz aldrabices, é porque os pais não andam atentos, uma vez que não percebem quando a criança diz aldrabices. Quando uma mãe diz que o filho faz lindas construções em plasticina, está a gabar-se de ter moldado muito bem.
Um pai é um demiurgo. E o filho, a sua criação. Não é giro, se calhar? É por isso que quem não tem filhos não sente enfado ao ouvir conversas sobre crianças. Sente é inveja. O máximo de controlo sobre outro ser acontece quando está a jogar numa consola.
Uma criança é uma espécie de Wii, só que um bocadinho mais interactiva. E acumula sarro atrás das orelhas.
> Uma espécie de fosso;
> um pedaço de chão;
> um tralho que doeu;
> lá se foi a tesão.
>
> Um domingo de merda;
> uma estrela no chão;
> uns óculos partidos;
> onde é que eles estão?;
>
> Pedes-me um momento;
> espalho-me ao comprido;
> nunca mais vou aos Idolos;
> fiquei bem fodido;
>
> Levas pensos rápidos;
> ficas sem garra;
> perdes-te comigo;
> lá se ri o Manzarra.
> Caminho para o abismo
> Saio do campo de visão
> Lá se vai o meu cinismo
> Vou de trombas ao chão.
Chegou-me via mail.
Há uns anos, um amigo meu teve o azar de ficar com a viatura parcialmente destruida por um taxi que circulava em contramão numa rua junto a minha casa. O taxista era claramente culpado mas com os conhecimentos que tinha na área da advocacia, conseguiu provar que a dita rua legalmente não existia porque ainda não estava referenciada no mapa actualizado da freguesia.
Era culpado, manobra perigosa real numa rua real, mas como a lei exigia um mapa actualizado, esse meu amigo teve que reparar a viatura do seu bolso.
Há uns anos, depois dos protestos de um vizinho meu devido ao som demasiado alto de uma TV que debitava diálogos de novelas a horas impróprias, a vizinha dona dessa TV, idosa, respondia assim: se protesta pelo barulho da novela porque diz que a sua esposa é médica e necessita descansar, então ela que estude em vez de descansar, porque os médicos actualmente não sabem nada.
Aparecem escutas onde altas figuras do nosso país usam indevidamente o nosso dinheiro para se manterem, e aos amigos, indefinidamente no poder. Em vez de perguntarmos se eles disseram ou não o que aparece transcrito nos jornais, andamos entretidos a analisar se essas escutas seguiram os processos legais.
Temos jogadores profissionais de futebol aos sopapos em índividuos pagos para manter a ordem nos estádios e o que fazemos? Discutimos o conceito de interveniente no espectáculo...
Enfim, isto é só vê-los a circular em contramão. É que no final, a rua nunca existiu...
Mais uma crónica fabulosa do melhor escritor do mundo (António Lobo Antunes)... saiu a 19 Nov na " Visão" e embora tenha a certeza que vai ser das eleitas para o próximo livro de crónicas de ALA, pelo sim pelo não, quero partilhar a introdução... fiquei com o recorte integral da crónica, como faço sempre que me agradam...
Devemos sempre recortar o que nos sucede de importante na vida e a seguir guardar. Guardar no meio das páginas de um livro ou nas dobras do coração.
"Visão", 19 Nov 2009
A crónica tem o título 'Dança o cão, dança o gato, dança o feijão carrapato'
Diziam-me isto, em criança, e eu adorava.
Voltou-me hoje à ideia, passado tanto tempo.
Tanto tempo uma ova:era menino, limitei-me a piscar os olhos e fiquei como agora.
Entende-se a maldade? Eu não entendo. Piscar os olhos é um instantinho, que raio de merda aconteceu? Mascararam-me com rugas, cabelos brancos, vontade de ir mais cedo para casa. Brincadeira de mau gosto, a idade. Oiço
-Você era lindo
e torno-me uma pedra por dentro. Miséria deste tempo verbal, era, que horror.
E lindo, ainda por cima, eu que nunca me achei lindo, sempre me dei mal com a minha cara, o meu corpo. Notava o olhar das raparigas e achava esquisito. Até bilhetinhos me mandavam, até conversa comigo metiam. E eu corado, aflitíssimo.
...
Habituei-me no passado a vaguear por blogs mal estruturados, erros ortográficos daqueles que já não dá vontade de prosseguir (era o que eu fazia), ausência de novidades, pensamentos redundantes,... enfim, um cansaço...
Eis senão quando (adoro a expressão, tem qualquer coisa de realeza), eis senão quando, abri o 2010 com posts de escolhas musicais, literárias, televisivas e outros que bem poderia dizer ter sido eu mesmo a contar.
Encontrei por acaso a mcm, madgirl, mafalda,cuidandodemim e excessiva.
Blogs muito bem feitos! E como se não bastasse:
Quem gosta de Elvis, Julio Iglesias, Eric Clapton, Rui Veloso, Stones, não pode ser má pessoa.
Quem fala do Principezinho, de palavras cruzadas, de mar, tem que ser especial.
Quem devora a programação da Fox Life ou gosta do Project Runway goza bem a vida.
Quem escreve mostra tanta coragem...
E para quem o Carnaval é indiferente então não resisto, porque não resisto ás pessoas de bom gosto.
Encontrei.
Um brinde la la la
Depois desta interrupção, voltei...
Tenho amigos agora...(mcm, mafalda,madgirl,cuidandodemim,excessiva). Só escolhi quem me interessa... de acordo com parâmetros que relatarei amanhã... ou para a semana...
. Novembro
. Brexit
. Acabou
. Porque é que detesto a He...