Odeio reciclar o lixo. Mais concretamente, odeio as últimas invenções que apareceram ligadas à reciclagem.
Tudo começou há uns anos, se bem se recordam , com um pedido muito tímido para separar os jornais do restante lixo. Dissemos todos que sim, toda a malta aderiu com entusiasmo à ideia de salvar a terra (já lhe perguntaram se ela quer ser salva de nós?). Ou seja, demos uma mão à coisa.
Assim que... demos a mão, quiseram logo o bracito todo. Veio logo o contentor verde para o vidro, mais o azul para os papéis e o amarelo para as embalagens. E quando passado uns anos o pessoal já se tinha habituado às 3 cores básicas e continuava a meter ao calhas os pacotes de leite e os de iogurtes (toda a gente que vejo a deitar o lixo, mete os lacticínios ao calhas) , ora toma lá o dos electrodomésticos grandes, o dos pequenos, o das pilhas, o das tampinhas e agora até o das rolhas de cortiça.
Oh Car@lhinho, a cortiça também tem que ser separada!!!!
Isto faz-me lembrar o primeiro ano do Di Maria no Benfica. Fintava um, dois, três e o pessoal a delirar. Fintava o quarto e o pessoal a gritar ‘passa a bola, passa a bola, já agora leva a bola pra casa oh fuça’.
Como em tudo na vida, há que saber reconhecer o momento em que a festa acabou e é preciso o ‘back to basics’.
Na história do Di Maria, tudo acabou em bem, aliás em 38 milhões de bem.
Com a reciclagem não sei se acabará bem. Um dia destes vou deixar de receber amigos em casa. Só em cada garrafa de Porto que bebem, se eu fosse um gajo cumpridor (eu disse se eu fosse…) teria que realizar na manhã seguinte as operações:
- Descolar o rótulo da garrafa (é em papel) e juntar à caixa (é em papel) e contentor azul.
- A rolha da garrafa tem uma parte que ia para as embalagens e outra para a cortiça.
- Os resíduos do fundo iam para o lixo comum.
Ia-me esquecer em casa da garrafa do Porto, de certeza, e que era para o contentor verde.
Estão a ver porque é que odeio a reciclagem?
E a merda de complicações que criaram com isto tudo, vai para o contentor de que cor?
